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Ocupações secundaristas: um mês da primeira ocupação no ES

Hoje completa um mês da primeira ocupação secundarista no Espírito Santo. Meninas e meninos do Ifes de São Mateus foram os pioneiros no movimento de ocupações no estado. Como efeito cascata, mais 62 escolas estaduais e municipais também foram ocupadas. Inspirados no movimento capixaba de ocupações secundaristas, alguns prédios e cursos da Ufes também aderiram ao movimento de ocupações.
“A gente puxou esse movimento de ocupação para mostrar que temos voz e não iremos nos calar diante desses desmandos do governo. Essa é uma causa que me afeta e por isso eu faço parte, apesar de hoje não estar em nenhum movimento político organizado no sentido institucional”, conta o estudante do segundo ano integral do Ifes de São Mateus, Thiago dos Santos.
É a primavera secundarista que não tardou para contagiar os estudantes capixabas. Meninos e meninas nascidos no final dos anos 90, que viveram sob o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas que têm pouca lembrança do período em que ele foi presidente do Brasil (1995-2003) e deixou um rastro de altas taxas de desemprego, arrocho salarial, escândalos políticos, apagões elétricos e privatizações. O país do final dos anos 90 parece se repetir agora em 2016 com o projeto do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) e sua corja.
Está em curso medidas que afetam diretamente a classe trabalhadora e aos mais pobres. O governo golpista não poupa esforços em acelerar medidas de ataques aos poucos direitos conquistados com muita luta pelos movimentos organizados de trabalhadores e pelos movimentos sociais do campo e da cidade. Dentre essas medidas, a Proposta de Emenda à Constituição 241, atual PEC 55, que prevê o congelamento dos investimentos públicos em 20 anos. Um verdadeiro desrespeito ao povo brasileiro. A PEC 55, apelidada de pec do fim do mundo, irá afetar diretamente milhares de brasileiros e brasileiras que precisam dos serviços de saúde e educação.

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Cartaz feito pelos estudantes secundaristas do Ifes São Mateus.
 
 
Ocupações germinam
 
Diante de tamanho absurdo que é a PEC 55, centenas de estudantes ocuparam suas escolas pelo país afora em protesto contra a proposta. No estado, os estudantes do Ifes de São Mateus foram os pioneiros. “Resolvemos ocupar porque é a maneira mais eficaz que achamos. No ano passado, os estudantes de São Paulo ocuparam mais de 200 escolas e conseguiram barrar a reorganização que o governo queria fazer”, conta o representante estudantil que ocupa o Ifes de São Mateus e integrante da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes),  Luis Philipe Machado. “Desta vez acreditamos que uma grande mobilização pode barrar essas medidas golpistas”, destaca.
O movimento dos secundaristas tomou corpo rapidamente. Uma semana após a ocupação do Ifes de São Mateus, foi a vez de mais um Ifes ser ocupado, o de Cachoeiro de Itapemirim. Na Grande Vitória, a primeira escola a ser ocupada foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Almirante Barroso, em Goiabeiras, na Capital. Depois da ocupação secundarista do Almirante Barroso, várias escolas da rede estadual na Grande Vitória foram sendo ocupadas em efeito cascata. São meninas e meninos que tomaram consciência da força política que possuem enquanto sujeitos e cidadãos. Ocuparam o que lhes é de direito. Ocuparam para dizer ao governo que não aceitam nenhum direito a menos. É o futuro desses estudantes que está sendo ceifado. A eles, o horizonte foi limitado com a PEC 55 e com a Medida Provisória 246, que visa reformular de forma autoritária o ensino médio.
 
O movimento é dos secundaristas mas a luta é de todos
 
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Estudantes do #OcupaIfesSãoMateus organizaram rodas de conversa, oficinas e debates como parte da programação do movimento.
 
Firmes nas ocupações, os estudantes se organizaram em comissões para manter o movimento. Tarefas foram divididas. Para não ficarem sem aulas ou atividades educacionais, os próprios estudantes elaboraram uma programação  com aulões ofertados por professores voluntários, oficinas, rodas de conversas com temas políticos e atividades culturais. Mesmo durante a ocupação, eles mantiveram a essência da escola que é o compartilhamento de conhecimento. “Estamos há um mês aqui ocupando e já enfrentamos várias dificuldades, mas nenhuma delas foi maior do que o aprendizado que estamos tendo nos organizando. Aprendemos que juntos somos mais fortes. Se juntar e resistir a gente consegue sim fazer a mudança que queremos”, comenta o estudante Thiago dos Santos.
Muitas entidades sindicais, como o próprio Sindipetro-ES, apoiaram as ocupações e fizeram doações de alimentos e mantimentos para a sustentação da luta dos estudantes. Além do apoio com alimentação e materiais, os diretores do Sindipetro-ES estiveram também pessoalmente em algumas das escolas ocupadas conversando com os estudantes.
“É dever do sindicato, e de todos nós enquanto cidadãos, apoiar o movimento dos secundaristas. Eles têm muito a nos ensinar. São jovens que encontraram no ato de ocupar uma estratégia em ser ouvidos pelo governo que insiste em não escutá-los. A PEC 55 atinge a todos nós, mas principalmente a área da educação, por isso é mais que legítimo o movimento de ocupações”, avalia o diretor de Offshore  Walace Ouverney.
 
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Todas as atividades da ocupação foram organizadas pelos próprios estudantes.
 

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