Home Notícias "Não há limite seguro para a exposição ao Benzeno"

"Não há limite seguro para a exposição ao Benzeno"

 

De 16 a 18 de Abril, o Sindipetro-ES reuniu trabalhadores e especialistas no Seminário “Riscos do Benzeno

e seus efeitos à saúde”

Orientar os trabalhadores e discutir medidas que eliminem ou diminuem a exposição ao Benzeno. Esse foi o objetivo do Seminário “Riscos do Benzeno e seus efeitos à saúde”, realizado em Vitória, durante os dias 16, 17 e 18 de Abril.

O Benzeno é uma substância altamente prejudicial à saúde e cancerígena, mesmo em quantidades e períodos mínimos de exposição.Entretanto, ele está presente nos mais diversos processos que envolvem os subprodutos do petróleo.

Para alertar sobre esses perigos que afetam tanto os trabalhadores, a Secretaria de SMS do Sindipetro-ES convidou as pesquisadoras da Fundacentro-SP, Arline Sydneia e Patrícia Moura, para ministrar as palestras do Seminário. No total foram cerca de 20 inscritos, entre eles trabalhadores regulares, cipistas, membros do Grupo de Trabalho do Benzeno e sindicalistas, inclusive de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

“O curso promoveu a capacitação e atualizou os trabalhadores, em especial aqueles que atuam nas Cipas, sobre normas, legislação, protocolos e novas tecnologias de prevenção”, explica o Diretor do Sindipetro-ES, Hoffmann.
Segundo a Pesquisadora e Doutora em Química Inorgânica, Patrícia Moura, ainda há um desconhecimento dos riscos da substância entre os trabalhadores. “O Benzeno é uma molécula orgânica altamente cancerígena. Todas as áreas da empresa que contiverem correntes com benzeno, independente da concentração, devem ser consideradas áreas de risco. Nosso objetivo é mostrar formas dos trabalhadores se protegerem e denunciarem as empresas, caso estejam fora da regulamentação”.

O curso abordou vários temas começando pelo histórico, acordos e dispositivos legais sobre o benzeno, explicou também as atribuições do GTP (Grupo de Trabalho do Benzeno), que é uma comissão eleita para fiscalizar o cumprimento do Acordo do Benzeno nos locais de trabalho e a capacitação desses membros também é uma obrigação da empresa.

Saúde em primeiro lugar

Outro ponto discutido foi o PPEOB (Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional do Benzeno), que é obrigatório em todas as empresas que trabalham com a substância. A pesquisadora e Doutora em Físico-Química, Arline Sydneia, explica que o programa visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de exposição ao Benzeno que exista, ou que venha a existir no ambiente de trabalho. Essas medidas também levam em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

Para a pesquisadora, a Petrobrás ainda precisa melhorar muito sua política de segurança e saúde dos seus trabalhadores. “Eu sempre defendo a Petrobrás, acredito que manter as indústrias básicas é fundamental para um governo. Ela significa o futuro do país. Mas é preciso cobrar medidas eficazes de segurança e prevenção de acidentes na empresa, esse é também um dos objetivos desse curso”, afirma Arline Sydneia.

 

O Seminário “Riscos do Benzeno e seus efeitos á saúde” finalizou abordando as medidas de controle e boas práticas para a eliminação dos riscos aos trabalhadores que atuam em áreas de exposição. Entre essas medidas estão a realização de exames periódicos e o uso de equipamentos de proteção individual, como máscaras e macacão, mas é importante ressaltar que eles não eliminam o risco, apenas diminuem.

Além dos equipamentos, são precisos procedimentos rigorosos de lavagem, purga de equipamentos, operação manual de válvulas, transferências, limpezas, controle de vazamentos. “Procedimentos de manutenção sempre evitam situações de emergências. O ideal é a eliminação de todas as tarefas e atividades que possam expor os trabalhadores”, completa Sydneia.

O que é o benzeno e quais são as doenças causadas por ele?

O benzeno é uma substância química orgânica no estado líquido, presente nas cadeias de extração e refino de petróleo e na evaporação da gasolina, por exemplo. Ele é incolor, volátil, inflamável, de odor adocicado e é, comumente, absorvido pelo organismo pela respiração ou em contato direto com a pele. Ele pode também se infiltrar em nosso corpo através da ingestão de alimentos e água contaminados em casos de acidentes.

Quando absorvido pelo organismo, o benzeno chega à corrente sanguínea e é distribuído pelo corpo, atingindo os tecidos gordurosos, a medula óssea e o fígado. Ele irrita os olhos, nariz, garganta e pele e pode provocar dores de cabeça, náuseas, falta de ar, convulsões e até a morte do indivíduo contaminado.

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer – IARC comprovou que o benzeno é cancerígeno e pode provocar linfomas e leucemias, sendo a Leucemia Mieloide Aguda a mais comum.

Aqueles que têm contato diário com o benzeno correm o risco de desenvolver o benzenismo, ou seja, um quadro de manifestações clínicas e epidemiológicas geradas pela exposição prolongada à substância.

Ver mais em Notícias

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Check Also

A mão pesada do Estado é exatamente do que a Petrobras precisa agora

Priorização do acionista minoritário não é cláusula pétrea da governança corporativa A Pet…